Observo seus olhos alegres,
vibrantes e dês-lógicos, distante das aflições bestiais que me soterram hora
após hora... lembro que cantarolava uma cantiga
de baleias e sereias, e claro, eram amigas e inseparáveis, como conhecidas de
longa data e afastadas muito tempo pela distância... o entrave é que você tinha
menos de dois anos, seria possível? A
despeito disso sei que chove, e muito! Joguei matéria morta na minha terra e
hoje ela dá sinais de fertilidade, além do que coloco, brotam flores que eu
nunca tinha visto, de cores diferentes... imagino casas subterrâneas e
bibliotecas imensas a te empolgar em mesas de madeira grosseira e cadeiras
confortáveis, em tons de vermelho e amarelo quebrando o branco das páginas
antigas. Escrevo pouco, bem menos que antes, e isso por hora me angustia, deve
ser o anseio de produção e obrigação, pura tolice espontânea, e tenho convicção
que não ficarei com gente que se mata de fome por própria vontade! Não agora,
pois o sacrifício indolor não é mais bem visto, abriram-se outras janelas e por
elas entrou luz na forma de voz, carne e cabelo pequeno, como amo-te Alicia!
Não há hoje definição melhor que essa, sou eu, no entanto, esse eu é pai de
todo seu, o mesmo que te faz rabiscar desenhos coloridos e te ancora nas comidas
e leites das noites, que não são feios por si mesmos, mas que a ti voltam com
todo o cuidado que seu pequeno coração merece... Não há, e por causa minha me
assertivo, alegria maior.
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016
terça-feira, 16 de fevereiro de 2016
inóspito
O dia escorre a 40 graus e tudo que consigo escrever é repetido e
inóspito. A falta de ação e a perca de
imenso tempo com tolices, as mais variadas possíveis, me perfazem em dores de
cabeça sem sentido e vazão de água no deserto, desperdício puro, que em
segundos se esvai em fumaça.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016
Sobre Janelas e outras coisas
"Quando em quando raro, retornei por um caminho hoje. Foi no momento em que o sol morria de vez. Impressão que o tempo não passara por ali... Apesar de décadas, tudo continuava igual. As inúmeras goiabeiras, a lagoa no fundo da casa encoberta por denso matagal, a mesma casa fincada no chão. Não foi possível ver a varanda e a cisterna onde costumávamos tirar água, um muro alto; Revisitar isso é me deparar com outro eu, um que ficou vivo na distância das horas... Não me contive, estanquei em um murmúrio mudo. Não era pra ninguém, ver, ouvir ou interpretar. Desejo seco por solidão. Momento vazio povoado de memórias, vozes, cheiros, sombras, montes de areia, água de rio e brincadeiras perdidas".
A recordação de hoje vem de 1.200 Km daqui, do oeste da Bahia e que não existe mais, o tempo tratou de derrubar ao chão. Boa Tarde!
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