quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Observo seus olhos alegres, vibrantes e dês-lógicos, distante das aflições bestiais que me soterram hora após hora... lembro que  cantarolava uma cantiga de baleias e sereias, e claro, eram amigas e inseparáveis, como conhecidas de longa data e afastadas muito tempo pela distância... o entrave é que você tinha menos de dois anos, seria possível?  A despeito disso sei que chove, e muito! Joguei matéria morta na minha terra e hoje ela dá sinais de fertilidade, além do que coloco, brotam flores que eu nunca tinha visto, de cores diferentes... imagino casas subterrâneas e bibliotecas imensas a te empolgar em mesas de madeira grosseira e cadeiras confortáveis, em tons de vermelho e amarelo quebrando o branco das páginas antigas. Escrevo pouco, bem menos que antes, e isso por hora me angustia, deve ser o anseio de produção e obrigação, pura tolice espontânea, e tenho convicção que não ficarei com gente que se mata de fome por própria vontade! Não agora, pois o sacrifício indolor não é mais bem visto, abriram-se outras janelas e por elas entrou luz na forma de voz, carne e cabelo pequeno, como amo-te Alicia! Não há hoje definição melhor que essa, sou eu, no entanto, esse eu é pai de todo seu, o mesmo que te faz rabiscar desenhos coloridos e te ancora nas comidas e leites das noites, que não são feios por si mesmos, mas que a ti voltam com todo o cuidado que seu pequeno coração merece... Não há, e por causa minha me assertivo, alegria maior.  

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

inóspito

O dia escorre a 40 graus e tudo que consigo escrever é repetido e inóspito.  A falta de ação e a perca de imenso tempo com tolices, as mais variadas possíveis, me perfazem em dores de cabeça sem sentido e vazão de água no deserto, desperdício puro, que em segundos se esvai em fumaça.


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Sobre Janelas e outras coisas

"Quando em quando raro, retornei por um caminho hoje. Foi no momento em que o sol morria de vez. Impressão que o tempo não passara por ali... Apesar de décadas, tudo continuava igual. As inúmeras goiabeiras, a lagoa no fundo da casa encoberta por denso matagal, a mesma casa fincada no chão. Não foi possível ver a varanda e a cisterna onde costumávamos tirar água, um muro alto; Revisitar isso é me deparar com outro eu, um que ficou vivo na distância das horas... Não me contive, estanquei em um murmúrio mudo. Não era pra ninguém, ver, ouvir ou interpretar. Desejo seco por solidão. Momento vazio povoado de memórias, vozes, cheiros, sombras, montes de areia, água de rio e brincadeiras perdidas".

A recordação de hoje vem de 1.200 Km daqui, do oeste da Bahia e que não existe mais, o tempo tratou de derrubar ao chão. Boa Tarde!